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Mãe, como é que vou largar o Grêmio de mão?

É muito triste. Só de pensar fico todo aborrecido. Depois de perder tantas coisas, chegar milhares de vezes em casa, altas horas da madrugada, ir trabalhar “meio” cansado, com aquele gosto de cevada e uma puta dor de cabeça, fora outros percalços, minha Mãe quer que eu abandone o Grêmio! Que isso minha véia? Logo o Grêmio que também me deu e ainda dá tantas alegrias, o Grêmio que eu imortalizei na pele com uma tatuagem.
Fico pensando como seria minha vida sem freqüentar o Olímpico, não poder rever meus amigos, não tomar aquela cerveja no açougue do gordo Luís antes dos jogos, não comer um churrasquinho no estacionamento com a gurizada, não tomar mais umas cervejinhas no bar do Faísca, ao final de cada jogo. Não, minha Mãezinha!
Prefiro que a senhora fique de caríssima comigo, mas que eu continue indo aos jogos do Grêmio! Não tem problema. Agente sempre se resolveu numa boa.
Ver aquela gurizada medonha lá no querência das carnes, bater um papo com minhas amigas, ir lá no estacionamento comer uma carne, passar no Faísca e pegar um daqueles copos hooligans cheio de cerveja e adentrar ao monumental. Sair dos jogos e encontrar mais uma centena de amigos lá no preliminar, onde geralmente se inicia uma cantoria danada de boa! Risadas para lá e para cá. Aquele entra e sai do bar, aquela energia que só os amigos conseguem nos transmitir. A vida é isso, Mãe. E o Grêmio é a minha religião! Sem ele eu não conheceria meus amigos e ai eu seria um ninguém. Uma pessoa sem amigos é um alguém sem vida, ainda mais depois de sofrer tanto por uma pessoa que não me deu muito valor e conseguir ressurgir de um mundo cinza, para um azul. Hoje dou graças a Deus que estou como eu era antes, cheio de vida e um pouco de malícias. Malícia essa que o Grêmio também anda tendo, ao final do campeonato vamos nos sagrar Tricampeões Brasileiros, e aí teremos mais festas Então não me peça mais essas coisas, Mãe, por favor!